segunda-feira, 25 de março de 2013

Paz

 Dora Incontri
Passeio pela noite em silêncio
E à paz já não falto.
As estrelas me chamam para o alto.
E o infinito se abre em mim.
 
Num canto do jardim
Recende um casto jasmim
E já as torpezas do mundo
Não gritam ao fundo.
Tudo se aquieta em mim.
 
Tudo está como deve ser
Tudo serve para entretecer
A teia calma do viver.
 
Caminham o vento, o perfume
As nuvens, a noite breve
E em toda parte há um lume
Uma verdade leve
Um bem que a alma descreve.
 
Dora Incontri é paulistana, nascida em 1962. Jornalista, educadora e escritora.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Oração para os santos verbos do dia




Que minha mão recolha o súbito
Que meu pé caminhe o instante
Que meu olho vislumbre o átimo
Que meu ouvido ecoe o iminente
Que meu corpo arda o inadiável
Que minha alma voe o imperioso

Que meu verso acate o inevitável

Assis Freitas
Poeta e escritor
(http://arvoredapoesia.blogspot.com.br/)

quinta-feira, 14 de março de 2013

A festa

 irresoluto,
refutei o lógico.
me despi do trágico,
mergulhei no mágico,
e entre dois pontos
duvivei.
e meu sorriso
feriu meu silêncio,
meu nojo, meu asco,
e vi que meu sangue
(sangue do teu sangue)
tem um gosto amargo.
e, saltibamco,
cavalguei roletas
-carrosséis de prótons -
de cavalos loucos
(carnaval de mágicos)
de valquírias ébrias
e em redemoinhos
comecei
de novo
a festa!
Outran Borges do livro A Verdade o tempo e outras mnentiras

O POETA

O POETA TEM O MÉRITO CONSAGRADO
DE PODER VERSAR TUDO AQUILO QUE ALMEJA,
RECEBE INSPIRAÇÃO DE UM SER ADORADO
QUE VIVE ALÉM DAS NUVENS EM QUE O CONDOR ADEJA...

QUAL PÁSSARO A ENCANTAR COM O SEU CANTO
MESMO ESTANDO EM UM CANTO ENGAIOLADO,
RECEBE INSPIRAÇÃO PARA TRINAR SEU PRANTO
MESMO QUE SEU CANTO PADEÇA OCULTADO!

(Suzene Galeão)

Mulher ao espelho


Hoje que seja esta ou aquela,
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta.

Já fui loura, já fui morena,
já fui Margarida e Beatriz.
Já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis.

Que mal faz, esta cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se tudo é tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto?

Por fora, serei como queira
a moda, que me vai matando.
Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando.

Mas quem viu, tão dilacerados,
olhos, braços e sonhos seus
e morreu pelos seus pecados,
falará com Deus.

Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho. 


Cecília Meireles

domingo, 3 de março de 2013

Soneto Do Amor Total



Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude

sexta-feira, 1 de março de 2013

PROCURO UM AMOR!



Procuro um amor que me complete inteiramente...
Alma despida de preconceitos,
que me faça sua "metade"
que me acorde com beijos,
que me alimente o "ego" e me traduza num simples OLHAR!
Que saiba tocar meu corpo,
que me permita naufragar em tuas vertentes...
Procuro a tempos esse amor,
que me conceda a fatia da cumplicidade,
que me conquiste diariamente
que se declare, declare...
Que me venha esse amor
sem perfeitos detalhes.
Basta o encaixe, a simetria, a poesia maior
e nela a certeza que somos dois corpos
divididos numa só - Alma!
(Suzene Galeão)